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Arquitetos: Iván Castañeda, Alejandro Cohen, Cristián Nanzer, Inés Saal, Juan Salassa, Santiago Tissot; Iván Castañeda, Alejandro Cohen, Cristián Nanzer, Inés Saal, Juan Salassa, Santiago Tissot
- Área: 15000 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Gonzalo Viramonte
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um monumento contemporâneo: uma paisagem para o acontecimento público. Fazer de um edifício uma paisagem, tal foi o conceito que norteou a busca neste projeto, diante da demanda do concurso para a construção de um Centro de Interpretação da Província de Córdoba por motivo da comemoração do Bicentenário da República Argentina. O desafio foi incorporar um novo programa, como o Arquivo Histórico da Província e um Auditório, sem alterar a essência do projeto.
Buscou-se uma proposta de monumento contemporâneo e, ao mesmo tempo, duradouro como um símbolo desta época e suas novas demandas de claridade, sustentabilidade, capacidade comunicativa e economia de recursos. Mais do que construir um edifício, tratou-se de construir uma paisagem. Assim, se articula este espaço urbano com três elementos básicos: Edifício Escadaria (Pavilhão), Farol (ícone de perspectiva distante) e Avenida (com suas bifurcações e rede de caminhos). Uma paisagem que proporciona o acontecimento da reunião pública, diversa e coletiva ao invés da ideia tradicional do monumento narrativo-alegórico. Uma paisagem de encontro ao invés da ideia autorreferenciada de edifício-monumento.
A experiência da paisagem, não necessariamente cria pontos hierárquicos, se constrói em tempo real com os roteiros dos transeuntes e oferece múltiplas possibilidades de organização de trajetos e de contatos. Expressa-se a geometria do múltiplo, do fluxo social no espaço público. Por sua particular localização no Parque Sarmiento, trata-se de uma intervenção conectiva, da reconstituição de uma forma geral mais harmônica e atemporal, desvinculada das modas e dos diferentes períodos da arquitetura. A ideia é reconstruir a memória topográfica dos barrancos de Córdoba e sua paisagem austera. O único ponto referencial é o farol de 102 metros de altura.
O setor destinado para alojar o novo edifício se encontra em propriedades da Província em meio ao Parque Sarmiento, entre dois museus da cidade: o MEC - Museu de Arte Contemporânea Emilio Carraffa (GGMPU Arquitetos + Mzarch), que se desdobra na esquina do Parque, abrindo-se até a Praça Espanha (projeto do arquiteto Miguel Ángel Roca) e o museu das Ciências Naturais da Província. O terreno em questão apresenta um desnível de 6,5 metros entre o acesso desde a rua Poeta Lugones e o nível da cota mais alta do Parque.
Esta situação permitiu conceber uma placa de concreto ondulado de 63m X 67m, que se desdobra em um gesto líquido petrificado, a praça captura o movimento de um mar pétreo, congela no ar seu impulso para oficializar o encontro entre a cidade e seu parque mais antigo, o Parque Sarmiento, do início do século XX, desenho do arquiteto Carlos Thays.
Por vários quilômetros, orientada à distância, indicando a existência do CENTRO CULTURAL CÓRDOBA, a peça referencial do FAROL DO BICENTENÁRIO, é uma coluna de concreto de planta elíptica que sobe de forma helicoidal, rotacionando sobre seu eixo até quase 90 metros de altura, e completando a peça um mastro que alcança 102 metros. Sob a praça está o programa completo da encomenda, a sala de exposições do Centro Cultural, o Auditório e o Arquivo Histórico da Província de Córdoba, núcleos técnicos e de serviços.
Toda a operação consistiu na substituição de um certo volume de terra do barranco natural pelo edifício proposto, assim a praça (teto do edifício) e o farol são os únicos dispositivos tectônicos que se destacam como peças urbanas, instalação e paisagem. A placa transitável possui um buraco que comunica visualmente a superfície pública com o pátio interno do edifício. Em três arestas do projeto se encontram pátios subterrâneos que conferem iluminação natural e servem como áreas de expansão, serviço e estacionamento. Estes pátios se estruturam por muros escalonados de gabião e taludes.
A planta se organiza toda em módulos estruturais de 9x9 metros ou múltiplos disso, o que garante a flexibilidade necessária para a convivência dos programas que o edifício contempla: o Arquivo Histórico e o Centro Cultural Córdoba. O planejamento estrutural se completa com linhas perimetrais de colunas inclinadas em forma de "V" que trabalham como planos resistentes tanto para cargas gravitacionais (carregamentos) como para esforços sísmicos horizontais, além de um muro curvo de concreto que define e separa o auditório semienterrado da sala de exposições do CCC.
Especificamente para a área do Arquivo, dispôs-se de um prisma de concreto de 9 metros de largura x 41 de comprimento x 6,45 de altura, que em forma de caixa se eleva 2,6 metros do nível do acesso e, em seu nível superior, também fica protegido por uma cobertura ondulada da praça que o cobre sem toca-lo. O total isolamento dos arquivos é a receita para sua preservação.
O projeto se resume como um dispositivo topográfico que promove o espaço público para o encontro e o acontecimento social em massa, reservando em seu espaço interior, como em uma caverna, os programas institucionais demandados pela Província. Assim, não se busca competir com nenhum dos edifícios adjacentes, e sim gerar um sistema de espaços urbanos conectivos que servem de antessala para pedestres do Parque Sarmiento, emergindo como único item do conjunto o Farol do Bicentenário.